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Febre amarela: a proteção da vacina fracionada não é inferior à proteção conferida pela dose convencional

17/01/2019 - Notícias

Uma pesquisa publicada esta semana no periódico Annals of Internal Medicine traz evidências de que a aplicação intradérmica de um quinto da dose convencional da vacina contra a febre amarela promove uma resposta imunitária protetora durante pelo menos 10 anos. Segundo os cientistas da Universiteit Leiden e do hospital Maasstad Ziekenhuis em Rotterdam, na Holanda, não há evidências de que seja necessário promover a vacinação de reforço antes deste período.

O estudo foi feito com 75 participantes, 48% de uma amostra inicial de 155 adultos que tinham recebido a vacina 17D YFV da Sanofi Pasteur entre 2005 e 2007: 40 receberam a dose fracionada (0,1 mL) por via intradérmica e 35 receberam a dose convencional (5 mL) por via subcutânea.

Das 75 amostras de sangue dos voluntários, 73 (97%, intervalo de confiança, IC, de 95% de 92 a 99) tinham níveis de anticorpos soroprotetores. Um participante de cada grupo não alcançou níveis de anticorpos capazes de conferir proteção.

“Estes resultados, junto com outros já publicados, aportam um embasamento adequado para utilizar a dose fracionada em campanhas emergenciais em situações de surto”, disse a primeira autora da publicação, Dra. Anna Roukens, do Departamento de Doenças Infecciosas do Leids Universitair Medisch Centrum em Leiden, na Holanda.

Perguntada por e-mail sobre a possibilidade da implementação da dose fracionada nas campanhas vacinais de rotina como dose única por toda a vida a pesquisadora respondeu ao Medscape: “Não pensamos que a resposta imunitária vá sofrer alterações após 10 anos, pois se não encontramos diferenças em 10 anos, não vamos encontrar em 20 ou 30. Mas a confirmação da proteção prolongada e em populações maiores deve contribuir para a implementação do uso da dose fracionada”.

Este ano, um trabalho brasileiro publicado no periódico Vaccine documentou a proteção prolongada da dose fracionada da vacina. Com 318 participantes, todos homens adultos, a concentração dos anticorpos protetores se manteve abaixo de 80% dos participantes oito anos após a utilização da dose fracionada da vacina 17DD YF.

O estudo, feito por pesquisadores do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi iniciado em 2009 como um estudo de dose-resposta contendo cinco grupos, que receberam doses diferentes (de 28,476 UI até 31 UI) e, diferentemente do estudo holandês, foi feito unicamente com a aplicação subcutânea e com as diferentes concentrações da vacina aplicadas no volume habitual de 0,5 mL. Oito anos mais tarde, mais de 80% dos participantes que soroconverteram no estudo original ainda eram soropositivos, de modo comparável à dose plena. As doses mais baixas (158 UI e 31 UI) não alcançaram o desfecho original e continuam a ser consideradas inferiores à dose plena. O grupo brasileiro concluiu que 85% se mantiveram soropositivos nos grupos a partir de 587 UI, resultado que vai de encontro à dose mínima exigida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1.000 UI.

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