NOTÍCIAS
Exercícios ajudam na insuficiência cardíaca, independentemente dos níveis de atividade prévia

18/07/2019 - Notícias

Pacientes com insuficiência cardíaca (IC) sistólica crônica compensada se beneficiam do treinamento aeróbico, independentemente do seu nível de atividade física ao início do estudo, sugere uma análise secundária do ensaio clínico HF-ACTION.

“Essa mensagem, provavelmente, aplica-se também aos pacientes em uma ampla gama de níveis de condicionamento físico prévio, apesar de não abordar especificamente essa questão”, disse o Dr. Jerome L. Fleg, médico do National Heart, Lung, and Blood Institute, National Institutes of Health ao Medscape.

“Assim, os pacientes com insuficiência cardíaca compensada devem ser muito incentivados a praticar regularmente exercícios aeróbicos, de preferência através de um programa de reabilitação cardíaca supervisionada”.

O estudo foi publicado on-line em 26 de setembro no periódico JACC Heart Failure.

 Os dois autores do editorial que acompanha o estudo disseram que este estudo “transmite uma mensagem clínica muito importante: todos os pacientes com insuficiência cardíaca crônica estável devem ser incentivados a participar de programas de práticas de exercícios, independentemente da sua atividade física habitual”.

Benefícios para todos

No ensaio clínico HF-ACTION , a prática de exercícios foi associada a melhora dos sintomas nos pacientes com insuficiência cardíaca, com redução da mortalidade e das internações hospitalares por qualquer causa, bem como da internação e da mortalidade por doença cardiovascular ou insuficiência cardíaca.

A prática de exercícios era feita por meio de uma série supervisionada de caminhadas ou de ciclismo em bicicleta ergométrica três dias por semana, seguida de exercícios feitos em casa, idealmente cinco dias por semana, 40 minutos por sessão, atingindo 60% a 70% da frequência cardíaca de reserva.

Os pesquisadores usaram os dados do ensaio HF-ACTION para ver se o nível habitual de atividade física pode prever os benefícios dos programas de práticas de exercícios. Dos 1.494 participantes do estudo com dados completos sobre sua atividade física ao início do estudo, 742 fizeram o atendimento habitual e 752 fizeram o programa de exercícios.

A capacidade de fazer exercícios – avaliada por pico de VO2, duração do teste ergométrico e teste de distância caminhada em seis minutos – foi maior entre os participantes no tercil mais alto de atividade física do que entre aqueles no tercil intermediário e no tercil mais baixo.

Pacientes no tercil mais alto também tinham um perfil clínico mais favorável – como menor classe funcional pela New York Heart Association, menor pontuação na escala de depressão de Beck, e menor prevalência de fibrilação atrial – do que os pacientes no tercil inferior.

“Nossos resultados sugerem uma resposta ao exercício salutar semelhante, independentemente do nível de atividade prévia.”

Altos níveis de atividade física ao início do estudo também se correlacionaram a melhores resultados clínicos durante o acompanhamento prolongado. Comparado ao tercil de menor atividade física, o tercil médio teve 18% menos risco de internação ou morte por doença cardiovascular e o tercil mais alto teve 23% menos risco de internação ou morte por doença cardiovascular, em modelos ajustados.

A capacidade de fazer exercícios e a resposta dos desfechos clínicos à prática de exercícios foram “semelhantes e em grande parte sem significado estatístico” em todos os tercis de atividade física ao início do estudo, com benefício significativo da prática de exercícios no tempo de duração do teste ergométrico em todos os tercis.

No grupo da prática de exercícios, foram observados benefícios significativos da duração do teste ergométrico após 3 e 12 meses em todos os tercis de atividade física ao início do estudo. Outros parâmetros de capacidade de fazer exercícios (pico de VO2 e teste de distância caminhada em seis minutos) e respostas ao treinamento em termos de desfecho clínico foram semelhantes e, em grande medida, sem significado estatístico entre os tercis de atividade física ao início do estudo.

A prática de exercícios pelos pacientes com insuficiência cardíaca crônica compensada também se mostrou segura, com diferenças significativas em termos de incidência de eventos cardiovasculares entre os tercis.

“Embora alguns estudos tenham examinado a relação entre os níveis da atividade ao início do estudo e a resposta ao exercício físico em pacientes com doença coronariana estável, este é o primeiro estudo ao nosso conhecimento, analisando esta relação em pacientes com insuficiência cardíaca crônica”, disse o Dr. Jerome ao Medscape.

 “Nossos resultados sugerem uma resposta ao exercício salutar semelhante, independentemente do nível de atividade prévia”, acrescentou o pesquisador.

Desafio de adesão em longo prazo

O desafio é instituir na prática clínica programas de exercícios que alcancem efeitos prolongados, comentaram os Drs. Rainer Hambrecht e Harm Wienbergen, ambos médicos do Bremer Institute for Heart and Circulation Research Klinikum Links der Weser, em Bremen, na Alemanha, em seu editorial. No ensaio clínico HF-ACTION, por exemplo, a adesão à prática de exercícios foi aquém do ideal, afirmam.

Estratégias modernas, como o controle telemétrico da atividade física, com podômetros e acelerômetros portáteis, e interações reiteradas com outras pessoas, podem ajudar os programas de prática de exercícios a obter melhores resultados em longo prazo, escreveram os editorialistas.

Por exemplo, no recém-publicado estudo Intensive Prevention Program (IPP), um programa inovador para pacientes, coordenado por assistentes de prevenção usando personal training e estratégias de telemetria durante um ano, foi significativamente melhor do que o atendimento habitual no controle sustentável dos fatores de risco e melhora da qualidade de vida, informaram.

Os Drs. Rainer e Harm disseram que esses tipos de programas “devem ser oferecidos para todos os pacientes com insuficiência cardíaca compensada, para os sedentários e também para aqueles que já têm uma vida diária ativa”.

O estudo realizado pelo Dr. Jerome e colaboradores “agrega evidências ao conceito de que todo paciente com insuficiência cardíaca, independentemente de seu nível de atividade física habitual, se beneficia com as intervenções estruturadas de prática de exercícios. Esta mensagem deve ser compartilhada com os pacientes, a fim de motivá-los e de aumentar sua adesão aos programas de prática de exercícios”, concluíram os editorialistas.

O estudo foi financiado pelo National Heart, Lung, and Blood Institute. Os autores e editorialistas informaram não ter conflitos de interesses relacionados com o tema.

Clínica Ituana - Todos os Direitos são reservados. - Desenvolvido por FISTEM 2016.