NOTÍCIAS
Vírus podem ser mais brandos em mulheres do que em homens

03/05/2017 - Com Banner

Alguns vírus evoluíram para causar infecções menos graves em mulheres do que em homens, um recurso que os ajudou a sobreviver, aponta um novo estudo.

Segundo os pesquisadores, as mulheres têm maior valor para os vírus do que os homens, porque têm maior probabilidade de ajudar a transmitir a infecção para outros seres humanos, especialmente crianças. Este instinto primitivo de sobrevivência significa que as infecções virais tendem a ser mais virulentas nos homens do que nas mulheres.

Durante anos, os homens foram alvo de piadas das mulheres sobre a ‘gripe do homem’. Mas poderia este último estudo, publicado no periódico Nature Communications,mostrar que outros fatores além das diferenças no sistema imunológico entre os sexos podem interferir na intensidade com a qual eles são atingidos por esses patógenos?

Evolução viral

O professor Vincent Jansen, da Royal Holloway, University of London, onde a pesquisa foi realizada, diz em um comunicado: “Já foi estabelecido que homens e mulheres reagem às doenças de forma diferente, mas evidências mostram que os próprios vírus evoluíram para afetar os sexos de maneira diferente”.

O coautor, Francisco Úbeda, acrescenta: “Os vírus podem estar em evolução para serem menos perigosos para as mulheres, buscando preservar a população feminina.

“A razão pela qual essas doenças são menos virulentas em mulheres é que o vírus quer ser transmitido de mãe para filho, seja por meio da amamentação ou por meio do parto”.

Modelo matemático

Pesquisadores da Escola de Ciências Biológicas da universidade usaram modelos matemáticos para demonstrar como a seleção natural favorece os vírus que matam menos mulheres do que homens.

Eles estudaram um vírus chamado HTLV-1, que pode causar leucemia, e observaram que mulheres infectadas pelo HTLV-1 tendem a desenvolver leucemia com menor frequência do que homens quando há mais chances de que uma mãe possa transmitir a infecção viral para a prole.

Esta teoria da transmissão da mãe para o filho é demonstrada por uma comparação entre o que acontece após a infecção pelo HTLV-1 no Japão em comparação com o Caribe.

A pesquisa mostrou que o HTLV-1 tem cerca de 2 a 3,5 vezes mais chances de levar a uma forma fatal de leucemia em homens japoneses do que em mulheres do mesmo país. No entanto, no Caribe, a probabilidade de a infecção levar a leucemia é praticamente a mesma entre homens e mulheres.

Os autores do estudo sugerem que a tradição de amamentação mais longa no Japão do que no Caribe, prolongando as chances de infecção entre mãe e filho, pode ter levado o vírus a evoluir para ser menos fatal nas mulheres japonesas.

De acordo com o Dr. Úbeda: “A sobrevivência do mais apto é relevante para todos os organismos, não apenas para animais e humanos. É absolutamente provável que este comportamento virulento específico para um sexo esteja acontecendo com muitos outros patógenos que causam doenças. Este é um excelente exemplo do que a análise da evolução pode fazer para a medicina”.

Entendendo como as infecções se propagam

O virologista da University of Nottingham, professor Jonathan Ball, diz que os resultados podem ajudar a entender como as infecções se propagam e causam doenças. Mas ele afirma que o “ponto-chave é lembrar que esses são modelos, e que não há dados biológicos definidos que sustentem esta hipótese”.

Então, e sobre o fenômeno da ‘gripe do homem’? “Para a maioria das infecções, o gênero provavelmente terá pouco impacto sobre a transmissibilidade”, afirma o professor Ball. “Por exemplo, a gripe – eu não consigo perceber como uma tendência de gênero poderia influenciar a infecção, uma vez que não teria impacto sobre a transmissão”.

Clínica Ituana - Todos os Direitos são reservados. - Desenvolvido por FISTEM 2016.