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Obesidade dos pais associada a atrasos no desenvolvimento dos filhos

10/04/2017 - Com Banner

Tanto a obesidade materna quanto a paterna podem ter um papel no neurodesenvolvimento no início da infância, de acordo com um novo estudo publicado on-line em 2 de janeiro na Pediatrics.

“Neste primeiro estudo americano a avaliar de forma prospectiva tanto obesidade materna quanto paterna, a obesidade materna foi associada a atrasos no desenvolvimento motor fino enquanto a obesidade paterna foi associada a atrasos no funcionamento pessoal-social, sugerindo associações independentes”, escreve Edwina H. Yeung, do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development, Rockville, Maryland, e colaboradores.

Os pesquisadores recrutaram mães no estado de Nova York (exceto na cidade de Nova York) entre 2008 e 2010 nos primeiros quatro meses após o parto. Os pais completaram o Questionário Idades e Estágios, um instrumento de rastreio validado usado para identificar atrasos no desenvolvimento em cinco domínios: motor fino, motor grosseiro, comunicação, funcionamento pessoal-social e habilidade na solução de problemas.

Os pais completaram o Questionário Idades e Estágios aos quatro e aos seis meses de idade, e novamente com oito, 12,18, 24, 30 e 36 meses. A coorte incluiu 4821 crianças que nasceram de parto com apenas um bebê ou, no caso de gêmeos, um dos gêmeos selecionado aleatoriamente de cada par.

No momento do recrutamento, as mães também completaram um questionário sobre a saúde e o estilo de vida, que incluiu informações a respeito de altura e peso de ambos pais, peso materno antes da gestação e ganho de peso gestacional total.

Os pesquisadores observaram que as crianças de mães obesas (índice de massa corporal, IMC, ≥30 kg/m2) tinham chances maiores de apresentar prejuízo no domínio motor fino (odds ratio ajustada, aOR, 1,67; intervalo de confiança, IC, de 95%, 1,12 – 2,47) quando comparadas à crianças de mães com peso normal ou abaixo do normal (IMC, <25 kg/m2). Essa associação foi semelhante entre meninos e meninas (P-interação = 0,83).

As crianças de pais obesos, por outro lado, apresentavam um risco aumentado de atraso no domínio pessoal-social (aOR, 1,75; IC de 95%, 1,13 – 2,71). Essa associação foi ligeiramente atenuada após ajustar para obesidade materna (aOR, 1,71; IC de 95%, 1,08 – 2,70).

Além disso, os pesquisadores observaram que crianças de ambos pais com obesidade classe II/III (IMC, ≥ 35 kg/m2) tinham um maior risco para atrasos em múltiplos domínios quando comparadas a crianças de pais com peso normal ou abaixo do normal. Os domínios motor fino e pessoal-social permaneceram significativos quando um IMC de 30 kg/m2 (ou seja, qualquer obesidade) foi usado (aOR, 2,10, IC de 95%, 1,13 – 3,93 e aOR, 2,12, IC de 95%, 1,14 – 3,95, respectivamente).

Os autores ajustaram para fatores que sabidamente estão associados ao desenvolvimento e à obesidade materna, como idade da mãe, raça/etnia, educação, ser assegurado e tabagismo antes da gestação.

“Nossos resultados mostram que a obesidade materna e paterna pode estar associada diferentemente a domínios do desenvolvimento: a obesidade materna está associada a habilidades motoras finas e a paterna com o desenvolvimento pessoal-social”, escrevem Edwina e colaboradores.

Eles também observam que há discrepâncias nestes resultados comparados com estudos prévios, e sugerem que elas podem ser resultado de diferenças na avaliação do efeito da obesidade em relação ao sobrepeso em estudos anteriores, bem como da inclusão de dados de habilidades cognitivas, que não foram avaliadas no presente estudo.

Os pesquisadores reconhecem que a sensibilidade limitada do Questionário Idades e Estágios na identificação de atrasos individuais do desenvolvimento pode ter afetado os resultados e que, embora a prevalência de obesidade tenha sido comparável a dados nacionais, pela demografia desta corte (não hispânicos, brancos e altamente educados), eles podem não ser generalizáveis a todas as populações.

Dado o efeito que a obesidade dos pais pode ter no neurodesenvolvimento, particularmente em casos nos quais os dois pais são obesos, os autores sugerem que os resultados destacam “a importância de informar a família no rastreio do desenvolvimento infantil, uma vez que, se repetidas, essas informações podem ajudar no monitoramento ou na intervenção precoce”.

O financiamento deste estudo foi fornecido pelo Programa de Pesquisa Interna do Eunice Kennedy Shriver National Institute of Child Health and Human Development e pelos National Institutes of Health. Os autores revelaram não possuir conflitos de interesse relevantes ao tema.

Fonte: http://portugues.medscape.com/verartigo/6500833

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