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O aplicativo de ECG para o Apple Watch já está disponível e assim começa um novo experimento em saúde

21/02/2019 - Notícias

Apple lançou um aplicativo de eletrocardiograma (ECG) para o Apple Watch Series 4 no dia 06 de dezembro – com pouca publicidade, mas com uma quantidade considerável de perguntas sobre como o primeiro produto portátil de monitoramento cardíaco voltado para o consumidor da marca irá repercutir entre os profissionais de saúde.

“A ideia de que os produtos portáteis podem ser usados tanto pelos pacientes como pelos profissionais de saúde para o tratamento e a melhora da saúde do coração é promissora, e deve ser adotada com cautela, assegurando que as informações e os dados gerados pelo produto sejam usados de maneira responsável e em harmonia com outros instrumentos e diretrizes baseadas em evidências”, disse o Dr. Michael Valentine, presidente do American College of Cardiology, em um comunicado da Apple. [1]

Para fazer um ECG semelhante ao de uma leitura de uma derivação, os usuários precisam apenas colocar o dedo na coroa digital do relógio e, depois de 30 segundos, o ritmo cardíaco é classificado como fibrilação atrial (FA), ritmo sinusal ou inconclusivo. As ondas do ECG podem ser armazenadas no iPhone e compartilhadas em formato PDF com os médicos.

“Esta tecnologia permite a captura de dados importantes pelo próprio paciente, sobre o que está acontecendo com o seu coração, em tempo real, como um ECG sob demanda. Isto pode ser importante em novos formatos de atendimento e tomada de decisão compartilhada entre os pacientes e os profissionais de saúde”, disse Nancy Brown, CEO da American Heart Association, no comunicado da Apple.

Apple Watch atualizado também tem uma função de notificação que verifica os sinais de fibrilação atrial e alerta o usuário caso seja detectado algum ritmo irregular em cinco verificações do ritmo cardíaco durante pelo menos 65 minutos.

Apple reconheceu que, no Apple Heart Study, 20% das notificações de fibrilação atrial feitas pelo relógio não foram confirmadas pelo ECG realizado concomitantemente por meio de um adesivo usado pelos participantes do estudo.

Após o evento de lançamento, vários médicos fizeram publicações em suas contas no Twitter. O Dr. Daniel Yard, médico do Brigham and Women’s Hospitalem Boston, escreveu: “O ECG de derivação única é útil para detectar arritmias, não sensível para isquemia. Animado com esta nova definição, mas benefício/dano da anticoagulação precisam ser avaliados”.

O Dr. Kevin Driver, eletrofisiologista de West Virginia, escreveu: “Parabéns @leftbundle e à equipe do Apple Watch. ECG de alta qualidade, recomendarei aos pacientes”.

Outros tiveram opiniões diferentes. A Dra. Nishat Siddiqi, da University of Aberdeen no Reino Unido, escreveu: “O app do relógio da Apple para fibrilação atrial é interessante, PORÉM as pessoas com maior risco de FA são mais velhas do que a média de usuários de smartwatch e as taxas de falso positivo são muito altas. Portanto, como cardiologista, eu precisarei atender vários jovens ansiosos para dizer que eles não têm FA”.

O Dr. Michael Katz, @MGKatz036, escreveu: “Claro que por ser um especialista em ritmo cardíaco, eu imediatamente instalei a nova atualização iOS do Apple Watch para o ECG. Nós seremos destruídos”.

Em resposta ao tweet do Dr. Katz, o cardiologista em seu consultório particular Dr. Kevin Woolf, @kwoolfmd, escreveu: “Certeza de trabalho/filhos na universidade”.

A notícia de que as notificações de irregularidade do ritmo cardíaco não foram criadas para as pessoas diagnosticadas com fibrilação também contribuiu para algumas manchetes no jornal Washington Post e repercutiu no Twitter. O Dr. Edward J. Schloss, eletrofisiologista do The Christ Hospital em Cincinnati, escreveu: “Hein? Apple Watch 4 não foi feito para as pessoas para as quais ele seria mais útil”.

O Dr. Paul Zei, eletrofisiologista no Brigham and Women’s Hospital e na Harvard University, em Boston, simplesmente escreveu: “Oh, A ironia…”

Em setembro, quando a Apple anunciou o aplicativo, o Dr. Eric Topol, Editor-Chefe do Medscape, médico e diretor do Scripps Research Institute, em La Jolla, Califórnia, alertou que a função ECG poderia aumentar a chance de falsos positivos e detectar casos de fibrilação atrial de baixo risco que não têm indicação de tratamento.

 O colunista do Medscape e eletrofisiologista, Dr. John Mandrola da Baptist Health, em Louisville, Kentucky, disse que o aplicativo poderia diagnosticar pacientes erroneamente em razão de leituras incorretas ou levar ao excesso de tratamento dos pacientes. Ainda assim, com o tempo, é possível que se descubram “coisas importantes sobre arritmia com todos estes dados. De maneira semelhante, as pessoas podem adquirir maior conhecimento acerca da própria saúde e do seu ritmo cardíaco”.
Ao conceder uma nova aprovação para o novo aplicativo ECG [4] em menos de um mês, a Food and Drug Administration norte-americana anunciou que o produto não é destinado às pessoas com menos de 22 anos, quesito que algumas pessoas no Twitter disseram que poderia ser facilmente contornado com a alteração das configurações do usuário no relógio.
 Ao disponibilizar as atualizações pela primeira vez em setembro, Jeff Williams, Chief Operating Officer da Apple, anunciou o relógio como “o guardião definitivo da sua saúde”.
 Os executivos da Apple mantiveram um tom muito mais moderado durante o evento de lançamento.
 “O Apple Watch ajudou muitas pessoas no mundo inteiro, estamos gratos que tenha se tornado uma parte importante da vida dos nossos clientes”, disse Jeff em comunicado da empresa. “Com o lançamento dessas funcionalidades, o Apple Watch empodera as pessoas com mais informações sobre a própria saúde”.
A Dra. Sumbul Desai, médica e vice-presidente de saúde da Apple, comentou: “Estamos confiantes que estas funcionalidades poderão contribuir para que os usuários estejam mais bem informados ao conversar com os seus médicos. Com o novo aplicativo ECG e a função de notificação de irregularidades do ritmo, as pessoas podem compreender agora aspectos da saúde do coração melhor e de maneira mais significativa”.
Os autores informaram não ter conflitos de interesses relevantes.

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