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Depressão: uma epidemia progressiva e silenciosa entre estudantes de medicina

01/03/2017 - Com Banner

No editorial que acompanha o estudo, o Dr. Stuart Slavin, médico, MEd, do Office of Curricular Affairs na Saint Louis University School of Medicine, em Missouri, observa que a análise mostra que a saúde mental dos estudantes de medicina é um “problema global de proporção significativa”.

Ele acrescenta que vários aspectos da cultura da medicina e da educação médica têm, provavelmente, contribuído para a “resposta atrasada e, até recentemente, muda ao problema de longa data que é o comprometimento da saúde mental dos estudantes de medicina”.

Um dos aspectos é a crença de que a medicina é uma profissão exigente e, portanto, a faculdade deve ser extremamente rigorosa. Este sentimento tem diminuído nas últimas décadas, mas não desapareceu totalmente, de acordo com Dr. Slavin.

Outro aspecto da cultura médica é que os problemas da saúde mental não foram levados tão a sério como os da saúde física, e em geral a adoção de métodos terapêuticos tem sido maior do que a prevenção.

Dr. Slavin acredita que os desfechos da saúde mental dos estudantes “devem ser vistos como resultados críticos do programa, tão importantes como as notas e as classificações para as residências”.

Embora algumas faculdades estejam nomeando decanos ou diretores de “bem-estar”, a responsabilidade pelo bem-estar do aluno não deve ser limitada a um setor e a um administrador; “O bem-estar dos alunos deve ser motivo de preocupação para todos”, escreveu Dr. Slavin.

“As faculdades de medicina precisam se prontificar a enfrentar a crise da saúde mental dos estudantes de medicina”, concluiu.

Contatado para comentar sobre o assunto, Dr. Darrell G. Kirch, médico, presidente e CEO da Association of American Medical Colleges, afirmou que “as faculdades de medicina do país e os hospitais universitários estão extremamente preocupados com o crescente problema de esgotamento, depressão e suicídio entre médicos e estudantes de medicina”.

“Como psiquiatra por formação, este é um tema que me toca, tanto pessoal quanto profissionalmente. As descobertas desse estudo confirmam que devemos continuar a fazer tudo o que pudermos para apoiar e ajudar os membros da nossa comunidade”, declarou Dr. Kirch ao Medscape.

Ele observou que a Association of American Medical Colleges e as faculdades de medicina e de hospitais universitários participantes estão trabalhando para “melhorar o ambiente de aprendizagem e estão ajudando estudantes e formandos a desenvolverem habilidades que fortaleçam a resiliência diante dos desafios de um sistema de saúde em transformação.

“Para combater esta crise crescente na nossa comunidade, os estudantes e os médicos devem ser treinados em todas as fases de sua formação a tratar o estresse e o esgotamento e a saber quando pedir ajuda”, disse o Dr. Kirch.

No início deste ano, a Association of American Medical Colleges organizou um fórum de liderança para convocar decanos de faculdades de medicina, CEO de hospitais universitários, e professores universitários, entre outros, para discutir estratégias para aumentar a resiliência e a promover o bem-estar, comentou.

“Também nos envolvemos com a National Academy of Medicine, em um esforço colaborativo para promover a resiliência e o bem-estar dos médicos ao longo de suas carreiras.

“Para apoiar ainda mais os estudantes de medicina, residentes e outros, por meio da formação médica acadêmica, a Association of American Medical Colleges criou uma plataforma on-line (aamc.org/wellbeing), que oferece uma coleção de artigos, livros, oportunidades de aprendizagem, um índice dos programas de bem-estar disponíveis nas faculdades de medicina e nos hospitais universitários e conteúdo relacionado”, acrescentou Dr. Kirch.

O estudo foi financiado pelo National Institutes of Health e pelo US Department of State. Os autores declaram não possuir conflitos de interesses relevantes ao tema.

JAMA. 2016;316:2195-2196, 2214-2236. ResumoEditorial

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